A direção da Universidade de São Paulo, pelos Conselhos de Graduação (COG) e Conselho Universitário (CO), está aprovando novas diretrizes gerais para os cursos. Essas diretrizes dizem respeito tanto a abertura de novos cursos quanto condições para manutenção dos já existentes.

O documento, que está acessível neste blog, se apresenta de maneira demasiada genérica. No que diz respeito à reavaliação dos cursos, tem-se, por exemplo, a análise dos cursos por seu baixo “impacto social” ou pela demanda, com base na relação candidatos/vaga da fuvest.  Já no que diz respeito à abertura de novos cursos, a demanda qualificada, empregabilidade, e o comprometimento do orçamento são os pontos centrais. Tanto a reavaliação quanto os critérios para novos cursos estão, portanto, levando em consideração as determinações de mercado, as dinâmicas externas à USP.

As principais críticas que surgem quanto ao projeto é, por exemplo, ao significado atribuído a “demanda social” para a manutenção de cursos. Se a relação candidatos por vaga fosse, por excelência, fator importante neste sentido, o primeiro curso à distancia não teria como base o curso de Licenciaturas em Ciencias da Natureza – o curso presencial da USP com menores índices de procurar no vestibular. Além disso, as criticas principais dão conta do fato de se tomar como referencia o conhecido destinado e influenciando pelo mercado. Em nenhum momento são questionadas as limitações que o mercado como um todo põe à produção científica independente e como isso afeta os pilares de uma instituição pública de ensino.

A maneira como vem sendo aprovado o documento demonstra, ainda, a verdadeira prática da reitoria para a tomada das principais decisões na Universidade. Um projeto desta envergadura não poderia ser de conhecimento e acordo de poucas pessoas. Estado de São Paulo. Esta, aliás, a marca da Gestão Rodas neste seu primeiro ano. Nega-se a discutir com os movimentos da universidade questões mais profundas e estruturantes da universidade, discute às portas fechadas as resoluções, para garantir que os projetos estaduais de educação estejam garantidos. Sua gestão está marcada pela falta de autonomia em relação ao governo paulista. Um problema não menor para os rumos da universidade, já que assim a USP caiu no colo do jogo político que o governo do estado faz com a educação.

Não bastasse a indisposição da reitoria em discutir e apresentar abertamente suas intenções para USP, o projeto ainda conta com a aprovação autoritária de um grupo de estudantes que vem utilizando a Representação Discente nos Conselhos centrais para aprovar toda e qualquer intenção da Universidade sem qualquer discussão com os estudantes que os elegeram. A representação discente é escolhida pelas eleições do DCE no final do ano e este direito foi conquistado a duras penas, por longos anos. Este grupo, contrariando o papel dos estudantes nessa participação, deixa-se servir de marionete para obter prestigio pessoais. Com isso, são os estudantes e a Universidade de São Paulo que saem prejudicados.

Propomos o inicio do debate entre os estudantes dos rumos que nossa Universidade deve e vai tomar nos próximos anos. Acreditamos que estas reformas atacam a USP no que ela tem de mais precioso: seu caráter público. Apenas uma universidade pública, portanto, independente, tem condições de decidir quais são os conhecimentos científicos que a sociedade precisa. Não queremos que o referencial para a manutenção de nossos cursos seja o já presente sucateamento. Venham discutir os rumos da Universidade!